Levantei de manhãzinha Pra fazer uma viagem Acordei meus companheiros Dois caboclos de coragem Enquanto arriei os burros Arrumaram a bagagem Pra buscar uma boiada Perigosa e selvagem Ao chegar na tal fazenda Reuni a peonada Mil e quinhentas cabeças Para serem retiradas Experiente na lida Tocamos o gado na estrada Sem saber que o destino Preparava uma emboscada Catarino rei do laço Nunca errou uma laçada Gostava de brincadeiras Vivia dando risada Chico preto no berrante Repicando pra boiada Caminhando a passo lento Na poeira da estrada Ao entrar a mata adentro Uma res espaventou Com o espanto do garrote A boiada estourou Catarino infeliz Seu burrão se atrapalhou O gado pisou por cima E o seu corpo estraçalhou Ao ver meu amigo morto Me cortou o coração Amontei ele em meu burro Galopei pra povoação Mandei benzer o seu corpo Fui comprar o seu caixão Voltei pra ajuntar o gado Era a minha obrigação Deixei de lidar com gado Eu e mais meu companheiro Silenciou o berrante Naquele sertão inteiro Na campa que ele descansa Mandar fazer um letreiro Aqui jaz um grande amigo Catarino boiadeiro