Sou bicho-homem, em rasante, derradeiro Asas de aventureiro, híbrido animal Camaleônico, livre no véu da noite Sob olhares e caretas, sobrenatural Calo o silêncio imposto pelo opressor Meu feminino timbre rasga repressão Servi cabeças pra romper o desamor Agucei no dissabor, rito de transformação (Olha quem eu sou) O homem de Neandertal Ardente, amante, pecador Divindade enfeitiçada Criatura mascarada Bandido, libertador! Gemido de caos, sangrei A rosa fatal, cantei Ferida que arde, dança de um imortal No ritual do meu clamor Mulheres alçam vida em solidão A voz lunar me consagrou Ney Matogrosso, eternizado nesse chão! O Sol acende um jardim tropical Folia de um matagal, banhando o país Meu corpo se entrega ao veneno, em serpente No templo do samba, o suor de quem diz Em pleno carnaval, pro dia nascer feliz! Meu bloco na rua, o povo ao meu lado! Minha pele nua, um grito calado Não existe pecado, nem lei, nem juiz No sonho que nasce da Imperatriz!