Eu não troco a minha vida De pescador piraquara Pois a vida da cidade Com a minha não se compara Eles vivem em palacete Eu num rancho de taquara Cobertinho de sapé Nem que chova água não vara Enquanto eles pulam cedo Pra pegar o pau de arara Eu durmo tranquilamente E acordo quando está quente Com o sol batendo na cara Levanto já pego a rede Tarrafa e também as varas Boto a espingarda no ombro Que é pra matar capivara Solto bote rio abaixo Na correnteza dispara Quando chega no remanso Sozinho então ele para Bem na barranca do rio Faço um monte de coivara Ali acendo a fogueira Vou pescando a noite inteira E ouvindo a soidara Naquele poço mais fundo A ceva a gente prepara Arma a rede e tralhada Numa perfeição tão rara Só pego peixe graúdo Tabarana e piapara Se pegar peixe miúdo Dos grande a gente separa Solto de novo na água Pra depois pescar de vara Sou pescador caprichoso O que acho mais gostoso É a vida do piraquara