Nos períodos da lembrança O sinal era o berro de algum guacho Nos períodos da lembrança Meu professor era o campeiro mais borracho O quadro era uma janela e o giz era um cal pra passar no arvoredo Meus livros era segredos bem guardados e escondidos na lembrança Uniforme era uma pilcha bem surrada de tirar só no domingo E o meu transporte era um pingo Que por manso se agradou de carregar uma criança A escola era a fazenda onde o pai foi capataz A diretora era dona onde tudo então mandava Meus colegas, as crianças, moradoras do povoado Meu professor era o campeiro que na lida me ensinava O recreio era uma sesta, um mate amargo um palheiro Uma mão de prosa buena com os peões e as lavadeiras A borracha que apagou as travessuras que eu repriso E a minha caneta era um guizo pra matéria da mangueira Sei que essa escola não tem um diploma pra tocar minha profissão E sei que esta faculdade serviu só para tocar vida de peão Mas sei que na cidade existem faculdades e escolas de verdade Onde há classes e cadeias na entidade e um professor pra ensinar Mas se um dia eu me formar, só se for na faculdade mais campeira Porque nessa tal escola verdadeira não tem como um peão entrar A escola era a fazenda onde o pai foi capataz A diretora era dona onde tudo então mandava Meus colegas, as crianças, moradoras do povoado Meu professor era o campeiro que na lida me ensinava O recreio era uma sesta, um mate amargo um palheiro Uma mão de prosa buena com os peões e as lavadeiras A borracha que apagou as travessuras que eu repriso E a minha caneta era um guizo pra matéria da mangueira Declamando Era tão lindo esse tempo, eu aprendia o que eu queria Passava noite, passava o dia numa emoção sem fim Com o meu laço bem armado pra curar algum terneiro E o elogio dos campeiros era o meu boletim