Eles não temiam a espada Temiam a palavra Não era o fogo Era a faísca que acendia ideias Vieram com mapas, leis e correntes Mas temiam as vozes conscientes Sabiam que um povo que pensa e ensina Derruba impérios com a própria língua Trouxeram escolas que cegam os olhos Mas nas aldeias, o saber já era solo Na favela, o saber vira canto E quem escuta já não vive calado Eles tremem quando o povo se junta Quando o saber vira ponte e pergunta Quando a sabedoria se espalha no ar E ninguém mais aceita se calar Têm medo do livro aberto na mão Da roda que ensina sem direção Da ciência aliada à memória E da verdade reescrevendo a história Não é o caderno que assusta os senhores É o quilombo nas páginas, os amores É o saber que brota do chão Não se dobra, não pede permissão É a vó que ensina com o olhar É o pai que sabe sem precisar falar É o jovem que lê e questiona É a mente que sonha e confronta Eles tremem quando o povo se junta Quando o saber vira ponte e pergunta Quando a sabedoria se espalha no ar E ninguém mais aceita se calar Têm medo do livro aberto na mão Da roda que ensina sem direção Da ciência aliada à memória E da verdade reescrevendo a história Porque saber é fogo que não apaga É rio que escapa, é rede que embala E sabedoria, meu irmão, é raiz Que cresce mesmo quando o chão diz desista Agora os muros não contêm mais vozes Os cantos se unem em mil e uma vozes A sabedoria se encontra com o saber E o medo muda de lado, pode crer Eles tremem quando o povo se junta Quando o saber vira ponte e pergunta Quando a sabedoria se espalha no ar E ninguém mais aceita se calar O que eles mais temiam Era que a gente se ouvisse E agora que escutamos uns aos outros Não tem volta