Infringi de Bersa o quinto mandamento à luz do dia Mandei um adolescente pra pinça óssea, pra tanatopraxia Sangue trocado por glicerina, maquiagem pra cadáver Por uma merda de um Samsung J7 Prime Anunciei o assalto no ponto, correu como reação Não quis perder o bem que tava pagando prestação Me senti tirado, atirei pelas costas, vi que faleceu Virei um covarde que matou alguém com padrão de vida igual o meu Fiz uma mãe pobre como a minha, aos prantos, desmaiar Porque queria colar no fluxo com as minas, pra gastar Na adrenalina, fugi, me sentindo o bandidão Colei no bar contando vantagem: Reagiu, derrubei o cuzão! Me gabava, quando começou a cobertura da mídia Era um estudante, indo trampar pra ajudar no aluguel da família Com a cocaína nos neurônios, fazia sentido Mas, conforme o efeito foi passando, fui me vendo arrependido Enquanto a Civil me identificava, ouvia meus parentes A cena do BO me corroía, martelava minha mente Que merda que eu fiz? Com tanto banco, hotel granfino Fui escolher um da minha classe pra meter um latrocínio Polícia invadindo a quebrada, tentando me encontrar Cobertura intensa da imprensa, resolvi me entregar Fui motivado, não pelo cerco dos porcos Mas porque já estava tirando perpétua na prisão do remorso Sou réu confesso, apertei o gatilho Cego, desorientado, fui fantoche do rico Por derramar o sangue de um dos nossos Mereço perpétua na prisão do remorso Sou réu confesso, apertei o gatilho Cego, desorientado, fui fantoche do rico Por derramar o sangue de um dos nossos Mereço perpétua na prisão do remorso Olha nós roubando mercadinho da quebrada Que montaram com FGTS, pra não ouvir ordem da playboyzada Dando coronhada, cessando sinais vitais Pra pegar no caixa e pôr no bolso 150 reais Mó erro esperar o semelhante abrir o portão Pra enquadrar e depenar casa em zona de exclusão Sei que o Estado põe na nossa mão a arma Mas arrastão no trem, no busão, pra mim, é mó mancada Lembre que é do seu povo, a tia indo pro emprego Que você pede bolsa, brinco, arranca a aliança do dedo Tem cadeia que até já deram o aviso Ladrão de fita sem futuro aqui não tem vaga, é proibido Na cela superlotada, toda noite um pesadelo A vontade do suicídio rondava o tempo inteiro No bonde indo pro julgamento, o que me afligia Era sentar no banco dos réus e encarar a família Entre lágrimas, ouvi o veredito Que doeu menos que os gritos de: Assassino! Assassino! Sabia que era '20' pela campanha Band e Globo Motivo torpe, matei e nem levei o produto do roubo Vi o retrato do menino na mão dos parentes Tinha 17, uma vida inteira pela frente Por ter posto seu nome no atestado de óbito Vou cumprir pena pra sempre, na prisão do remorso Sou réu confesso, apertei o gatilho Cego, desorientado, fui fantoche do rico Por derramar o sangue de um dos nossos Mereço perpétua na prisão do remorso Sou réu confesso, apertei o gatilho Cego, desorientado, fui fantoche do rico Por derramar o sangue de um dos nossos Mereço perpétua na prisão do remorso Sistema quer nossa inteligência pondo na mira A CG de leilão do entregador da pizzaria Quer nós contra nós, longe dos prédios do Morumbi Pegando Gol bola do vizinho pra pôr em outro chassi A escola que você invade pelo computador É a única chance de vitória do sofredor Pra ter uma creche na área demora décadas E nós rouba o material didático, a brinquedoteca Atitude é túnel que vai pra tesouraria Não ajudar idoso no banco, pra catar a aposentadoria Toda vez que sacamos revólver pra um favelado Quem promete a pena capital, se elege como o mais votado Nervoso, vou trombar a mãe da vítima Aceitou participar da justiça reparativa No dia, não olhei nos olhos, tava envergonhado Chorando, falei o quanto queria voltar no passado Não acreditei quando ela segurou minha mão Em vez de ofensas, disse: Você tem meu perdão! Voltei pra sala desconcertado, com um certo alívio Juro, nem eu perdoaria o assassino do meu filho Fomos todos destruídos pelo plano político Que me pôs no crime, me fez apertar o gatilho Deixou de um lado, entes matando saudades com foto E de outro, um eterno matriculado na prisão do remorso Sou réu confesso, apertei o gatilho Cego, desorientado, fui fantoche do rico Por derramar o sangue de um dos nossos Mereço perpétua na prisão do remorso Sou réu confesso, apertei o gatilho Cego, desorientado, fui fantoche do rico Por derramar o sangue de um dos nossos Mereço perpétua na prisão do remorso