Eu vivo inquieta por estar inquieta Eu tenho uma meta, mas não chego lá Eu vivo com pressa, e na minha cabeça Vive tanta gente que nem me diz olá Eu já me conheço, mas nem me conheço E quando tropeço já não sinto o chão Sempre me levanto, mas no entretanto Já não vejo espanto em mais um arranhão Dizem-te: Trabalha, mas só me baralha Quanto mais entregas é menor o pão Dizem-te: Tu fala, mas ninguém se cala Para ouvir o outro no meio da multidão Ninguém é generoso, e é tão perigoso Querer amar alguém que não ama nada A vida é mesmo assim, eu vou gostar de mim E quando chego ao fim, faço do fim uma estrada É esta a minha sina Eu nunca fui menina Eu sempre fui mulher Mesmo quando não o era Eu sempre fui crescida Mesmo quando a vida Tinha dias de chuva Pra pouca primavera Por isso, muita calma Eu tenho uma alma Que já era minha Antes de eu o ser Viveu muito mais anos Sofreu tantos mais danos Que sobreviveu A sobreviver Por isso, muita calma Eu tenho uma alma Que já era minha Antes de eu o ser Viveu muito mais anos Sofreu tantos mais danos Que sobreviveu A sobreviver Eu vivo inquieta