Sim, eu gozo com a minha infância Pra fingir que não magoa O meu à vontade passa por arrogância Porque eu quero dizer tudo às pessoas Sim, eu já vomitei o almoço Com dois dedos na garganta E já gostei do rapaz mais perigoso Dava bem na confusão, já tive tanta Sim, eu tive falta de pai E todos riram dos meus sonhos Sou das que não avisa quando sai E se fizeres mal eu perdoo-te Sim, também sou das que se exalta Pra defender uma ideia Digo que confiança não me falta Mas a internet fez-me acreditar que eu sou feia Manda tocar os violinos, eu sou a história triste Que já vimos nos filmes, sou a que sobrevive Só quis dar aos meus filhos o amor que nunca tive Só não me faltou poesia porque me afoguei nos livros Fiz de tudo piada pra não me tirar o sono Acho que é hoje que me largas, tenho trauma de abandono Eu fui a história triste, mas eu não pude escolher O final não existe, esse eu posso escrever Esse eu posso escrever Sim, eu tenho ansiedade E às vezes acho que é ela que me tem Sou das que até diz que tem saudades Mas devia e até queria ligar mais à minha mãe Sim, eu benzo-me em capicuas E não respiro nos túneis pra pedir desejos Pra pedir às estrelas Ou à Lua uma vida com menos luta E um pouco mais de beijos Manda tocar os violinos, eu sou a história triste Que já vimos nos filmes, sou a que sobrevive Só quis dar aos meus filhos o amor que nunca tive Só não me faltou poesia porque me afoguei nos livros Fiz de tudo piada pra não me tirar o sono Acho que é hoje que me largas, tenho trauma de abandono Eu fui a história triste, mas eu não pude escolher O final não existe, esse eu posso escrever Esse eu posso escrever