Lambarizava com anzol de alfinete Isca de pão, caniço de sarandi Beira de balsa, calça curta sem camisa Mais feliz nas pedras mouras Pela baba do sabão marca Perdiz Bodoque no pescoço Pedregulho na sacola Eu caçava pomba rola Nas barrancas do meu rio Mundéu de varas Arapuca de taquara E um cusquito malacara Que atendia ao assovio É o meu pai que vem É minha mãe que vai Eu sou costeiro, missioneiro Filho do Uruguai Cresci na voga Botador e camalote No vento norte Gineteando a maretada Em cada costa Ao contrabando engatilhava Em cada porto Me esperando a namorada Reponto estrelas rio acima Noite escuras Quando clareia Chimarreio madrugadas É o meu pai que vem É minha mãe que vai Eu sou costeiro, missioneiro Filho do Uruguai Enquanto houver um rio correndo uma cachoeira Um piazito uma linha de algodão Um labari um surubi uma piava Rancho de leiva Santafé piso de chão Haverá sempre um costeiro navegando Numa chalana meia borda de ilusão Um dourado caborteiro cabresteando Porque na mesa do costeiro peixe é pão É o meu pai que vem É minha mãe que vai Eu sou costeiro, missioneiro Filho do Uruguai