Coisas de amigo

Céu na Boca

Como ser canção e não ter a voz para soltá-la 
Como embarcação em mar sem cais para atracá-la 
Como ter a dor sem ter o consolo pra acalmá-la 
Como ser verão, sem o sol brilhar é  ter coração sem compartilhar 
  
Repartindo o pão o amigo parte o próprio corpo 
Estendendo a mão traz perdão e firma os pés de um coxo 
Louco de paixão, bebe a dor do cálice do outro 
Tendo pulsação, gosto ao paladar, e no coração o sabor de amar 
  
E o verbo se fez carne 
E na carne o coração 
Não conteve o grande amor por nós 
A vida tem sentido quando as notas da canção   
Rasgam   o  peito  de quem ouve a sua voz
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