Habitada por gente simples e tão pobre Que só tem o Sol que a todos cobre Como podes, Mangueira, cantar? Pois então saiba que não desejamos mais nada À noite, a Lua prateada, silenciosa, ouve as nossas canções Tem lá no alto um cruzeiro, onde fazemos nossas orações E temos orgulho de ser os primeiros campeões Eu digo e afirmo que a felicidade aqui mora Que as outras escolas até choram invejando a tua posição Minha Mangueira, és a sala de recepção Aqui se abraça o inimigo como se fosse o irmão Habitada por gente simples e tão pobre Que só tem o Sol que a todos cobre Como podes, Mangueira, cantar? Pois então saiba que não desejamos mais nada À noite, a Lua prateada, silenciosa, ouve as nossas canções Tem lá no alto um cruzeiro onde fazemos nossas orações E temos orgulho de ser os primeiros campeões Alvorada lá no morro, que beleza Ninguém chora, não há tristeza Ninguém sente dissabor O Sol colorindo é tão lindo, é tão lindo E a natureza sorrindo, tingindo, tingindo Alvorada Alvorada lá no morro, que beleza Ninguém chora, não há tristeza Ninguém sente dissabor O Sol colorindo é tão lindo, é tão lindo E a natureza sorrindo, tingindo, tingindo Você também me lembra a alvorada Quando chega iluminando Meus caminhos tão sem vida O que me resta é bem pouco, quase nada De que ir assim, vagando Numa estrada perdida Alvorada Alvorada lá no morro, que beleza Ninguém chora, não há tristeza Ninguém sente dissabor O Sol colorindo é tão lindo, é tão lindo E a natureza sorrindo, tingindo, tingindo Quando eu piso em folhas secas Caídas de uma mangueira Penso na minha escola E nos poetas da minha estação primeira Não sei quantas vezes Subi o morro cantando Sempre o Sol me queimando E assim vou me acabando Quando o tempo avisar Que eu não posso mais cantar Sei que vou sentir saudade Ao lado do meu violão E da minha mocidade Quando eu piso em folhas secas Caídas de uma mangueira Penso na minha escola E nos poetas da minha estação primeira Não sei quantas vezes Subi o morro cantando Sempre o Sol me queimando E assim vou me acabando E assim vou me acabando Em Mangueira quando morre um poeta, todos choram Vivo tranquilo em Mangueira porque Sei que alguém há de chorar quando eu morrer Mas o pranto em Mangueira é tão diferente É um pranto sem lenço, que alegra a gente Hei de ter um alguém pra chorar por mim Através de um pandeiro ou de um tamborim Em Mangueira quando morre um poeta, todos choram Vivo tranquilo em Mangueira porque Sei que alguém há de chorar quando eu morrer Tenho saudades da Mangueira Daquele tempo em que eu batucava por lá Tenho saudade do terreiro da escola Sou do tempo do Cartola Velha guarda, o que é que há? (O que que há?) Eu sou do tempo em que malandro não descia Mas a polícia no morro também não subia Eu sou do tempo em que malandro não descia Mas a polícia no morro também não subia Aí, Mangueira Minha saudosa Mangueira Depois que o progresso chegou Tudo se transformou E Mangueira mudou Já não se samba mais à luz do lampião E a cabrocha não vai pro terreiro de pé no chão (não vai, não!) Já não se samba mais à luz do lampião E a cabrocha não vai pro terreiro de pé no chão Lá em Mangueira Aprendi a sapatear Lá em Mangueira É que o samba tem seu lugar Foi lá no morro Um luar e um barracão Lá eu gostei de alguém Que me tratou bem Eu dei meu coração Eu dei meu coração Eu dei meu coração Eu dei meu coração Eu dei meu coração