Ao arrepio da lei Comecei ir ao cinema Ver faroeste sem idade pra entrar No meu Nordeste Idade nunca foi problema Cidade pequena Todo mundo estava lá E o bilheteiro Gostava da sala cheia Eu pagava meia Pra ver Django se vingar E aquela sede De justiça e de vingança Era cacimba Em que a m'alma de criança Eu mergulhava para o mundo enfrentar Ao arrepio da lei Namorei uma pequena Eu com 14 e ela tinha 23 Vejam vocês Na sala escura o meu dilema Olhos na cena Coração na mão talvez Saquei um beijo Feito Giuliano Gemma Viva ao cinema Minha alma quis gritar Sangue nos olhos Do cowboy Corre em destino Como nos sonhos Do meu tempo de menino Que a fome e a sede Pegos volte a matar Ao arrepio da lei Me criei contra ao sistema Vender poemas Virou minha profissão Com a viola a tiracolo Sou problema Carrego o lema De lutar contra a opressão Herói sincero Flanco, Nero sem algema Que aos céus blasfema Contra aos donos do sertão Vai cantando sua balada Um Zorro zonzo E um canto tonto cuja a espada É a palavra Derramada pelo chão Ao arrepio da lei Eu sei Não me arrependo de nada Ao arrepio da lei Eu sei Não me arrependo de nada Ao arrepio da lei Eu sei Não me arrependo de nada Ao arrepio da lei Eu sei Não me arrependo de nada