Quantos pregos de amor e ferrugem sua cabeça de telhado aguenta sem quebrar? Quantas vezes teu cigarro te protegeu de respirar o tal ar do ser normal? Quantas vezes o seu eu se enganou, e pensou que era nós Nunca conte quanta gente já se ajoelhou e rezou até perder a própria voz Em um mundo que sangra não dá pra pensar em não se sujar Palavras ao vento não podem chegar aos ouvidos de quem precisa escutar Enquanto você só puder sussurrar Nós somos filhos indigestos Conservados na proveta Em um mundo moderno Frutos de uma natureza Quase morta e bem cansada Sempre ou quase é mal lembrada E mesmo que sem atenção Rezamos por educação Mesmo sem filtro pegue e fume Assopradores de fumaça Adoradores de argamassa, de tijolo e de concreto Eu sempre penso ser esperto, mas emburreço a cada dia Só pensando que eu podia Ou pelo menos deveria tentar mudar o mundo inteiro São Paulo ou Rio de Janeiro De porto alegre a juazeiro Mas não me mexo pra mudar Eu só consigo reclamar Bem baixinho e sem gritar Em um mundo que sangra não dá pra pensar em não se sujar Palavras ao vento não podem chegar aos ouvidos de quem precisa escutar Enquanto você só puder sussurrar