Eu viajo de carruagem pelo mundo Eu levo pouca coisa na bagagem, eu levo todo mundo Adormeço ao longo das ruas, amanheço no mar Ás vezes me ocorre não ter nada Mas há sempre luz pra acordar, despertar Eu vejo gente, eu vejo animais e se eu dou sorte eu encontro humanos Eu abraçaria á cada um deles, ouviria seus planos Mas o meu dialeto gritado é incompreensível Eu deveria dizer, eu sou ilegível Não me ame! Eu sou um excesso descompassado Estrada interditada, eu sou um livro de romance barato Antigo, no móvel velho jogado Eu posso ser a aridez, a sequidão dos campos longínquos do nordeste Ou posso ser talvez a chuva fluida inesperada que veio do leste Talvez eu seja a sua resposta Eu sou a fratura exposta Eu fui excesso primeiro, do começo da existência á janeiro Amemos! Morramos todos de amor excessivo Proponho começar tudo de novo Para de novo morrer afogado no rio De lágrimas fluidas deste vazio Tu podes ser o móvel novo que ocupa a sala do meu estar Pode ser talvez a nudez de um "eu te amo" gritado no ar Que eu decorei até mesmo ao contrário Pra quando eu não pudesse ouvir dos teus lábios Tu me amaste primeiro E eu morri de amor por ti hoje mesmo