O vento bate na porta A porta sente o pulsar A gentileza se move Em direção ao luar Eis que um ser tão maltrapilho Parece ali implorar Pra se livrar do castigo Que tanto lhe faz chorar A meia-noite é calma como um furacão A meia-noite revela a alma do meu sertão, do sertão Um galho seco translúcido À sombra de quem não vê Revela o mais absurdo Do que puderam fazer Vidas jogadas no lixo Corpos queimados no chão Da natureza, um cisco Da sutileza, um não A meia-noite é calma como um furacão A meia-noite revela a alma do meu sertão, do sertão Do colorido das matas À cinza em tenra raiz Da fluidez das cascatas À sequidão infeliz Faces cruéis de dois mundos Do amor à insensatez Da beleza ao caos profundo Do tudo o nada se fez A meia-noite é calma como um furacão A meia-noite revela a alma do meu sertão, do sertão