Madrugada fria, olhos em agonia No jardim sombrio ele dobra os joelhos Enquanto os céus pareciam calar O inferno ousava tentar Sangue no suor, sombra na alma Paz impossível, afaste-se, cale-se Mas não fugiu, não retrocedeu Enfrentou o peso que era meu E as trevas assistiam Pensando que o amor cederia Mas a madrugada tremera Quando o filho se levanta Mesmo quebrado não recuou Foi até o fim por teu amor Beijo de traidor, correntes no salvador Martelo de homens, gritos sem pudor Cuspiram nele, zombaram de sua dor Mas o rei do céu não disse não Silêncio no peito que sempre curou Coroa de espinho, sangue que libertou Jogado por quem não sabia ver O inocente escolheu morrer E os olhos dos anjos se encheram Enquanto os homens escarneceram Mas a madrugada tremera Quando o filho se levanta Mesmo ferido não hesitou Fez do madeiro seu trono de amor O céu escureceu, a terra se rasgou O grito ecoou: Está consumado! O mundo pensou que tudo acabou Mas era só o prelúdio do recomeço Terceiro dia, luz rasga pedra O corpo vencido agora brilha em glória Ele vive, ele reina E o inferno geme a ouvir seu nome A madrugada tremeu Quando a vida renasceu A cruz não foi derrota Foi estrada para eternidade revelada Agora todo joelho se dobrará E toda língua confessará Aquele que venceu sem espada O rei que fez a escuridão calar