Chuva da tarde Eu me lembro aqueles dias Que mansamente caía Sobre o meu rancho de palha Chuva da tarde Que apagava a poeira Tu é sempre companheira Do caboclo que trabalha Me lembro ainda Quando na roça eu morava Quando feliz aninhava Nas estradas do sertão Chuva da tarde Que sempre me ajudava Ver lá na roça molhada Toda a minha plantação Chuva da tarde Quando passava alguns dias Que tu não aparecia Já me apertava a saudade Porque à tardinha Quando em meu rancho eu chegava Qualquer coisa me faltava Era tu chuva da tarde No outro dia Quando pra roça eu voltava Parece que eu escutava As plantações reclamando Chuva da tarde Volte logo, por favor Que o sertão não tem mais flores Porque o Sol está matando Chuva da tarde Não esqueço um só instante Das campinas verdejantes Dos perfumes do sertão Me lembro ainda Do meu ranchinho querido Que ficou tão esquecido Longe eu choro de paixão Chuva da tarde Hoje eu moro na cidade Mas não suporto a saudade Que me fere o coração Quando eu morrer Que eu for pra eternidade Por favor, chuva da tarde Caia sobre o meu caixão