Aposta no Escuro

Dado Ziul

Composición de: Luiz Eduardo de Carvalho Costa
Amizade de quebrada é tapa, soco e salve, parça
Guerra é de graça, paz é só peça de praça
Na tela, o governo banca que entende
Mas nas ruas, irmão, só nóis sabe o que sente

Quer amor? Vai na farmácia, pede receita
Aqui a gente ama na bala e na briga perfeita
Rancor engarrafado, ninguém alivia
Pobre se fode, mas sempre tem serventia

Droga é reza na viela, alívio de quem sente
Os nóia tão louco, mas veem o que a gente mente
Diz que é nóis quem tá errado, vive no limbo
Mas cês tão aí chapados, numa viagem de gringo

É tiro no escuro, aposta furada
Roda moeda, cai reto na estrada
Fala na cara, mas engole em seco
Quem paga a verdade sempre beija o concreto

Liberdade é ficção pra nóis aqui embaixo
Enquanto eles se trancam com putas e uísque barato
Quer dar sermão? Cês não vivem o trampo
Tô fazendo rima suja, aqui é meu campo

Vacina pros boy, doença pra massa
Nessa fila invisível, cês só pensam em cachaça
Quem tem grana se cura, quem não tem é piada
A vida é curta, e o preço? Já foi cobrada

Política é escárnio, nós é só mais um
Eles falam de empatia, mas vivem em Lambo e fumo azul
Quer fazer caridade? Manda pra mídia
Mas na rua, irmão, é nóis que vive em ferida

É tiro no escuro, aposta furada
Roda moeda, cai reto na estrada
Fala na cara, mas engole em seco
Quem paga a verdade sempre beija o concreto

Vacina pra eles, eu fico na fila
Depressão no morro é piada, só que é estilo
A mídia é show, e nóis é espetáculo
Mas quem perde a alma é o mesmo otário

Quer rimar realidade? Então manda a real
A morte no corre é foda, e o barato é fatal
Aqui é sexo sem amor, veneno sem cura
Cês querem fuder nóis com pose de ternura

Falam de luta, de causa e fé
Mas cês vivem no luxo e nóis passa até sede
Quer doar? Só serve pra foto bonita
Mas quem vive essa merda aqui é nóis, na fita

Erro é a regra, acerto é piada
Entre a fumaça, nóis cola e não para
Quem roda moeda vê a cara do jogo
Mas na real, a verdade é o desgosto

É tiro no escuro, aposta furada
Roda moeda, cai reto na estrada
Fala na cara, mas engole em seco
Quem paga a verdade sempre beija o concreto

Quem controla o passado, controla o futuro
Mas na quebrada só quem cala é o surdo
Conhece-te a ti mesmo, frase de playboy
Aqui é nóis com as lama até o pescoço, sem dó

Se eu não for por mim, quem vai ser?
Na guerra do dia, só quem é sabe o que vê
Liberdade? Ilusão pra quem tem terra
Nessa guerra fria, o que resta é só treta

O inferno são os outros, pura verdade
Mas quem vive esse inferno, de fato, já é raridade
Eu penso, logo existo, filosofia barata
Na vida real, irmão, é nóis na quebrada

Essa rima é ódio, grito, fúria e vício
Entre sexo e rancor, eu faço meu serviço
Essas palavras são ferida aberta, sem fim
Numa risada amarga
O espelho sou eu mesmo assim
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