Na esquina suja da rua sem luz Onde o tempo parece mais lento Bebida amarga, o copo seduz E o jogo é o mesmo, mas o sentimento Madrugada fria, mas quente na mente Futebol na TV, grito mudo e descrente Lá vai o sonho, e lá vem o desdém Pelas veias o suor que não tem Pelas mesas do bar o olhar perdido Amor e trapaça num gole torcido Dado Ziul solta o verbo, rasga a dor Verso que pesa, rap feito fervor Aqui, cada braço é uma muralha Cada amigo um irmão na batalha No bolso vazio, esperança escassa Mas o sangue que ferve não é de graça Ei, meu povo, luta e enfrenta Coração forte, nada arrebenta! A gente cai, mas levanta, a gente finge que aguenta Grita ao vento, a voz que não tenta! O céu cinza de brasília não muda Cidade quadrada, malandra e crua Nas ruelas escuras, num beijo sombrio Pra quem nunca teve, qualquer coisa é abrigo É jogo jogado, é aposta perdida Toma mais um trago pra dor sem saída No campo, no campo, é gol sem estádio E no peito a esperança que só faz estágio A grana é curta, mas a festa é grande No coração, a chama que arde e expande Na roda de samba, na batida da rima Aqui é Dado Ziul! Do Brasil, de Brasília Ei, meu povo, luta e enfrenta Coração forte, nada arrebenta! A gente cai, mas levanta, a gente finge que aguenta Grita ao vento, a voz que não tenta! É sexo e poeira, cerveja e paixão A ilusão se despe em cada refrão Mais um gole, mais um riso, um coração Sorriso rasgado, esperança em vão Na corda bamba, cada passo é um tranco A vida te puxa, mas seguimos franco No sonho estampado, na pele da noite Quem nunca pensou que o mundo era açoite? Mas o brasileiro é faca sem medo De peito aberto, não abaixa o dedo Dado Ziul no beat, a rima feroz Derruba a dor e solta a nossa voz! Ei, meu povo, luta e enfrenta Coração forte, nada arrebenta! A gente cai, mas levanta, a gente finge que aguenta Grita ao vento, a voz que não tenta! Na última nota, a força se ergue E mesmo que o mundo negue É o nosso sangue que escreve Essa história que a gente nunca perde (Há revolta) (Há revolta)