Fui jogado no mundo com uma bússola quebrada Entre linhas tortas, a verdade é forjada Eles ensinam o certo, apagam o instinto Me moldaram pra ser mais um número indistinto A lógica é fria, sem cor, sem alma Um padrão calculado que devora a calma Me disseram: Seja bom, seja útil, seja alguém Mas nunca me perguntaram o que eu queria também A infância é um sonho, mas logo desvanece No espelho da vida, a pureza esmorece Me deram títulos, rótulos, mil etiquetas Mas esqueceram de perguntar minhas metas Me ensinaram a andar em linhas retas Pisando nos sonhos, deixando as metas quietas Questionar é perigoso, disseram com temor A mente que voa é vista com rancor O que é certo? O que é real? O que vale a pena nesse jogo moral? Se a resposta for lógica, eu quero o caos Rasgo os padrões e escrevo meus ideais Nessa selva de concreto, sou peça ou jogador? Uma mente que grita ou só mais um espectador? Enquanto busco sentido nessa engrenagem Eu corro contra o tempo, recriando a viagem Me jogaram num ciclo, rotina apressada Relógios gritam horas, mas a vida é calada O que é a liberdade se só resta o espaço Entre as grades do tempo, um silêncio escasso? Na escola diziam: Aqui é o caminho Mas o que eu vi foram mentes sem destino Regras e normas, vozes ecoando Mas quem define o que estamos buscando? Me tornaram funcional, mas esqueceram o sentir Uma máquina de carne, incapaz de se ferir Entre a lógica e o caos, escolho a faísca Pois a verdade real nunca é tão explícita Sou mais que respostas, sou dúvidas cruas Um grito solitário nas noites mais nuas Se o sistema é perfeito, por que somos vazios? Se a lógica é o mapa, por que os caminhos são frios? Cada rótulo imposto é um pedaço arrancado De um todo que um dia foi livre e iluminado O que resta no fim? Um nome num papel? Ou um eco perdido em um mundo cruel? Busco nas sombras o que a luz não revela As perguntas guardadas, a resposta mais bela Se a lógica é divina, então sou profano Navegando sozinho, sem seguir o plano Não quero ser peça nem rei nesse tabuleiro Se viver é pensar, eu destruo o roteiro Enquanto a lógica dita, minha alma se lança Pois a essência da vida é a eterna mudança E se a razão me cerca, eu escolho o abismo Um salto sem cordas pra escapar do cinismo Sou o som que ecoa na ausência do ar A faísca que insiste em nunca apagar