Notícia urgente! Um jovem foi encontrado morto na comunidade na madrugada de hoje Conhecido por ser trabalhador e sempre estar na luta para sustentar sua família Ele foi surpreendido por um ataque covarde As autoridades suspeitam de uma execução planejada, possivelmente envolvendo alguém próximo A tragédia é mais um reflexo do ciclo de violência e abandono nas periferias Mais informações em breve Nasceu condenado, entre vielas e becos cinzentos Tijolo exposto, parede úmida, sonhos em fragmentos Era só mais um na multidão sem identidade Um soldado da favela que carregava a verdade Trabalhou como um cão, suando pra pôr comida Mas o sistema ri enquanto seca sua ferida Cada moeda no bolso era uma luta vencida Mas cada esquina lembrava: A morte não tem saída Fez o impossível pra ficar longe das pedras do vício Rezava no escuro, segurando o terço, pedindo um artifício Tinha orgulho de não dobrar o joelho pra maldade Mas quem espera justiça onde reina só a vaidade? Quem vai lembrar dele agora que o sangue secou? Quem vai chorar por ele quando o mundo seguiu e não parou? Se a favela o criou, a favela o enterrou E no fim, a traição foi o que o destino reservou Se ele morrer e renascer, será outro qualquer Mais um na estatística, mais um que o sistema quer Porque aqui, quem luta até o fim morre sozinho E quem o matou foi o mesmo que dividiu o caminho Ele achava que o amigo era irmão de fé Mas foi o mesmo que entregou o endereço pra Seu Zé A bala não veio do fuzil do opressor Veio de um aperto de mão com cheiro de rancor Na favela, o inimigo se disfarça com sorriso E quem te abraça forte já planeja teu sumiço A guerra é contra o sistema, mas o golpe é interno Aqui ninguém precisa de inferno, porque já vivemos o inferno Ele jurava que podia escapar do ciclo eterno Fugiu da pedra, das armas, do crime moderno Mas o preço de ser limpo é morrer desacreditado E o preço de sonhar é viver sempre sendo cobrado Agora ele tá no chão, com os olhos virados pro céu A luz do poste ilumina o rosto, silêncio cruel As crianças brincam no mesmo beco onde sangrou A vida segue, porque aqui ninguém tem tempo pro show O sistema olha e diz: Menos um problema na favela Enquanto a mãe grita de dor, a vizinha acende uma vela E o amigo que puxou o gatilho tá na esquina, sorrindo Porque na quebrada, lealdade é um conceito em declínio Ele é só mais um entre milhares que já se foram Mais um grito abafado que as balas silenciaram Mas quem sabe, um dia, alguém se lembra do que ele dizia Não confie em ninguém, porque a morte vem de quem te guia Ele se foi, mas sua história é de muitos O ciclo se repete nas esquinas, nos muros imundos E a favela chora calada, porque aqui não há final feliz Só mais um jovem morto pra engordar a cicatriz