Eu faria tudo outra vez, se soubesse que ouviria o eco responder A tudo aquilo que por noites em claro busquei no radar Mas as antenas não traziam nada, então fiz da estática O mar em que com cinzas nos pulmões, afoguei as mágoas Por não escutar nas conchas as ondas E acabei me enforcando em freqüências sem sinal Terminar seria o fim se não fosse uma variável Nos beijos de quem transmite em línguas que eu não sei E eu não tenho a tecla SAP Para poder ler entre as linhas Quando o sal distorce a visão E entre bolhas tento soltar meus pés e as algas querem dançar Só mais uma valsa (Somos um casal rodando Entre as águas-vivas) Laocoonte não conseguiu conectar seu computador E serpentes do mar não lhe deixaram gravar seus avisos Pois as caixas postais estão lotadas, ninguém dá ouvidos a Cassandra Pois Helena, todos contemplam teu sorriso E eu já não ouço a banda tocar Em teus braços me deixo levar E meus dedos desenham círculos na areia E há quem diga, que nem o mais profundo mar Conseguiu limpar o brilho nos olhos E o sorriso tão ímpar desta Mona Lisa