Era manhã fria dum novembro O dia ensaiava um sereno E eu sentei-me no colo do país Amarrei o cordão do meu sapato Penteei o cabelo de mulato E assoei com o lenço, o meu nariz Encontrei um amigo no avião Com a voz embargada de tensão Que abriu para mim seu coração-menino Mestre Báu ví jogar a capoeira Um macaco a seguir, uma rasteira Mas depois eu segui a procissão Com os dedos das mãos estremecendo E o sono nos olhos me ardendo Eu sentia doída a solidão Entrei com o amigo no saguão Tinha a voz embargada de paixão E temia por seu coração-menino Veio a tarde comum e sertaneja Eu mamava o gargalho de cerveja E curtia a voz do Gonzagão Eu estava tão grogue de bebida Que estava ali despercebida A sombra da minha redenção A noite chegou fria e mansa Eu já via a morte de criança Deitado no colo do país Com a febre em mim debilitada A matar essa veia envenenada Que me faz ser assim tão infeliz Encontrei meu amigo no portão Com a voz embargada de emoção Deu adeus e levou consigo o coração-menino