Eu vinha para casa de pileque Descontava no moleque E você o defendia Batia então nos dois como um covarde Você nem fazia alarde Apanhava todo dia Até que em noite de ressaca brava No sofá eu cochilava Você enfim saiu de si Não há quem sofra tanto e não se zangue Três facadas, dor e sangue Desta vez eu que escorri Linda Você presa em flagrante De maneira humilhante E eu sedado no hospital Hoje são bem que eu me esforço Não me livro do remorso De ter feito a ti tão mal Linda Se é você que o juiz condena Eu que estou pagando a pena Grito às portas da prisão Pra mostrar, quando anoitece Que é por ti a minha prece E que eu não te esqueço não O nosso amor não morre atrás das grades Nosso filho com saudades Beija a carta que chegou Prometo, vai passar o pesadelo Ganhar brilho o teu cabelo Que a cadeia maltratou E mesmo com essa calça amarela És da cela a mais bela Cinderela que é refém Se alguém criar contigo alguma intriga Há de haver alguma amiga Que te acuda e faça bem Linda Sei que temes estar perto Do regime semiaberto E o que fora encontrarás Hoje sou um novo homem Os meus vícios todos somem Pois achei em Deus a paz Linda Sonho ainda em ter o gosto De um sorriso ver no rosto De desgosto embrutecido Já estou contando os dias Pra que livre tu sorrias Ao rever o teu marido