O tempo passa sobre mim como uma lâmina lenta E eu não sei por que existo Não sei por que abro os olhos toda manhã Não sei por que o meu coração ainda pulsa O mundo gira, indiferente As estrelas morrem em silêncio E eu permaneço aqui Carregado pelo peso de ser Mas sustentado por uma esperança que não nasce de mim Tantas vezes me pergunto Por que fui criado se o pó será meu fim? Por que amar, se o amor dói? Por que esperar, se o tempo consome? Mas então me lembro Não sou eu quem sustenta o que sou Não sou eu quem definiu o meu início Nem sou eu quem determinará o meu fim Há uma vontade acima de todas as vontades Há um Ser que não depende, não muda, não cede E é nEle que tudo faz sentido Mesmo quando o sentido me escapa Na cruz vejo a resposta que a razão não alcança No vazio do túmulo ouço a promessa De que a morte não é o último verso Ainda assim… Eu temo Temo perder quem amo Temo não ser suficiente Temo me esquecer de Deus Antes que Ele se esqueça de mim Mas sei – Ele não esquece A ortodoxia me ensina Não sou salvo pelo quanto sinto Não sou salvo pelo quanto entendo Sou salvo porque fui amado Quando ainda nem sabia o que era amor E mesmo que o caos me cerque Mesmo que eu afunde em mim mesmo Há uma mão invisível que me segura E não me deixa ir Sou barro, sou vento, sou fôlego breve Mas nEle sou eterno E então, mesmo no silêncio Mesmo quando tudo parece ruína Eu descanso Porque Ele é