Minha voz levo em acordes, mando no som da cordeona Cada tecla é uma paisagem que meu sentimento entona Carrego, dentro da caixa tons de esteiros e banhados Nas escalas: Passaredos, nos baixos: Berros de gado Selva e verde chaco y suelo, alma de índios pomberos Sons de rios um céu correndo em llantos chamameceros Cabe o que eu vejo e faço no bojo da minha acordeona Que de tanto que lhe abraço, penso até que ela é minha dona Nos invernos, o minuano sopra e me pede um costado Enquanto a charlar co'a prenda, reacendo um fogo ajeitado Desencarango meus dedos, depois de uns goles de vinho Entre a linda e a cordeona eu divido os meus carinhos No bojo da minha cordeona não há mapas, não há linhas Porque a nossa geografia é a pampeana que amadrinha Chora em taperas e ruínas, e embala ânsias puebleras Campo e mato alma e terra por ressonâncias campeiras Assim minha vida passeia, entre negras baixaria Quando um recuerdo escarceia pedindo campo à poesia O ar desgarra do fole, pra ressonar pelo espaço Y mi taragui de inteira pulsa no que abre meu braço