Gaita velha candongueira que soluçando se embala Botando ordem na sala numa festa galponeira Do assoalho levanta poeira toda a pampa se engalana Se esta gaita provinciana retrecha numa vaneira Quando teu fole se abre Neste toque Guarany É a própria alma gaúcha Que sai de dentro de ti Ouvindo uma botoneira tenho a impressão momentânea Que esta gaita litorânea, do planalto ou da fronteira É serrana ou é costeira, quem sabe da mesma cria Da gaita do Tio Bilia pura cepa missioneira Quando um gaiteiro pavena com os dedos aveludados Acaricia o teclado da velha gaita torena A noite fica pequena e o vivente se apaixona Parece ver a cordeona o corpo de uma morena Quando eu me for do rincão pra o meu derradeiro abrigo Quero esta gaita comigo aberta sobre o caixão Pra minha alma de peão retornar de quando em vez Vim vaneirear com vocês num surungo de galpão