Eu sou gaúcho nesse Rio Grande nascido Já fui parido cultivando a tradição Cresci nos campo farejando as minhas cantiga E fui templado a moda antiga nos braseiros de galpão Quando setembro mete a cara no meu pago Do campo eu trago o mais gordo da tropilha Aparo os casco, toso e sigo adelgaçando Me preparando para as festanças farroupilha Engraxo o apeiro, esfrego guanxuma no laço E dou um vistaço se está limpo os meus chergão Lombilho gasto que de potro eu tiro a balda E para atar a meia espalda meu pala de gurgurão Chapéu batido já das lida de mangueira Bota potreira e um tirador já sovado Sobre um lombilho um pelego de merina Forro de brim diamantina, com um bolso de cada lado Poncho imalado baieta fica pra fora E um par de espora e um mango cabo de alpaca Uma bombacha de dois panos gabardina Mais a facha correntina por debaixo da guiaca Junto com a chaira atravessada nas cadeiras A carniceira, relíquia que prezo tanto Minha badana sobre o pelego é um resguardo Feita de couro de pardo bordada nos quatro canto No meu pescoço um chimango esfiapado Guardo um legado que eu já trouxe de família Minha indumentária toda simples não tem luxo Pois assim, era o gaúcho dos ancestrais farroupilha