Eu escondi tão fundo, lá atrás no meu quarto As vozes cortando, rindo de mim no pátio Cresci calando gritos, calando a dor no peito E fiz da luxúria um jeito de enterrar defeitos Sozinho na infância, sujo de culpa e medo Olhares que julgam, ninguém sabe o segredo E eu me deito em sombras, coleciono pecados Na esperança vazia de ser perdoado E ninguém pra me ouvir, ninguém pra me guiar Carreguei o vício na carne, só pra não lembrar Mas a lembrança queima, quando a verdade vem Eu tô à beira do abismo, sem saber de ninguém Mas eu grito, eu grito: Alguém pode me salvar? Desse ciclo sujo que insiste em me arrastar Quando eu caí de joelhos, eu ouvi uma canção De quem sangrou igual a mim, e estendeu a mão No círculo de vozes, cada um é espelho Contando suas quedas, levantando do joelho Uns viveram infernos que eu nem pude sonhar Mas me deram coragem pra tentar me curar Um abraço sem culpa, um olhar de verdade Um caminho de volta pra minha metade Eu vejo nos olhos, não tô mais sozinho Eu vejo esperança brotando no caminho E eu entendo o peso, entendo a prisão O vício que cresce na escuridão Mas eu não sou só isso – eu sou mais também Eu sou quem escolhe não morrer refém Então eu grito, eu grito: Alguém pode me salvar? Dessa culpa antiga que insiste em me calar Quando eu caí de joelhos, eu ouvi uma canção De quem sangrou igual a mim – e estendeu a mão Eu não sei se amanhã vai me deixar em paz Eu não sei se essa dor vai me soltar jamais Mas agora eu vejo uma luz, uma chance Eu não sou só luxúria, eu sou esperança Então eu grito, eu grito: Eu aprendi a perdoar Essa criança ferida que só quis se esconder Quando eu caí de joelhos, eu ouvi meu coração Dizendo: Agora é tua hora de viver, então levanta, irmão!