Escondi no escuro o que ninguém podia ver Carreguei sozinho o peso que ninguém quis entender A infância foi silêncio, um segredo sufocado Fiz da pele um esconderijo, fiz do toque um fardo E a sociedade fecha os olhos, finge não enxergar Diz que é só fraqueza, manda punir, manda calar Mas dentro dessa carne mora um grito sem perdão Eu sangrei sozinho, implorando salvação Quem vai me ouvir? Quem vai segurar minha mão? Quando o vício é mais profundo que a prisão? Quando abrir a ferida é o começo de tentar Cicatrizar meu peito, aprender a respirar Um dia eu encontrei outros como eu Cada voz um espelho que me fortaleceu Aprendi que minha história não precisa me prender Que eu não sou só a luxúria, eu ainda posso renascer A dor partilhada é metade do caminho A vergonha dividida já não mora sozinha E se hoje eu me levanto, é porque alguém me escutou Eu sou todos, eu sou cada um que se libertou Quem vai me ouvir? Quem vai segurar minha mão? Quando o vício é mais profundo que a prisão? Quando abrir a ferida é o começo de tentar Cicatrizar meu peito, aprender a respirar Sem nome, sem rosto, sem idade, sem fronteira Essa dor é de todos, é de quem ainda espera Que o mundo não nos julgue, mas aprenda a acolher Que falar é mais coragem do que se esconder Então me ouve, me ouve: Eu não tô aqui pra acusar Eu tô aqui pra dizer: Tem jeito de mudar Quando eu caí de joelhos, eu encontrei minha voz E agora eu sou milhões, cantando por nós