Essa é a história de um moleque da favela Que se perdeu no caminho Mas toda escolha tem um preço Era só um menino, perdido na rua Olhar sem brilho, alma já nua Mãe chorando em casa, pai sumido na fumaça A quebrada foi escola, mas a lição foi desgraça Primeiro cigarro, depois a pedra A mente voava, mas a fome era concreta Começou a roubar pra sustentar o vício E o crime abraçou como se fosse um ofício De assalto em assalto, virou avião Logo tava na responsa, com radinho na mão Aprendeu a contar, mas não na escola Era bala, era grama, era sangue na cola Ele virou o dono da quebrada Comandava o morro, arma engatilhada Mas cada passo que subia no poder Era mais um inimigo pronto pra fazer descer Agora a favela tem medo do rei Que esqueceu de onde veio, de onde veio a lei Mas o tempo cobra, irmão, não vacila A justiça chegou no giro da polícia Tava no topo, mas sem paz no peito Milhares na conta, mas vazio o respeito Matou sem pensar, só pra mostrar poder Mas cada vida tirada, uma alma a perder A quebrada calada, cansada de choro Mãe enterrando filho, só por causa de um ouro O povo já não via futuro no morro Só sirene, rajada e o sangue no forro Veio o dia: Operação montada Helicóptero no céu, tropa preparada Cerco fechado, sem pra onde correr O dono da boca teve que se render Preso, algemado, sem pose, sem grana Na cela só o eco do que antes era fama A comunidade respirou em paz O medo deu lugar a esperança que refaz E a lição tá aí, escrita na parede O crime é um abismo que começa com a sede Mas não tem final feliz, só cadeia ou caixão E um coração vazio, sem redenção Pra cada menino que cai nessa vida Fica o alerta: O crime ilude, depois cobra com juros Escolhe o certo antes que o errado te escolha