Cuidado que essa porra não é igual ao MasterChef Mas no jornalzinho do almoço, passa na televisão Atenção porque agora vou te passar uma receita De como o sistema prepara mais um vilão Dentro de um barraco, sem saneamento básico Corta a luz e ferve a água, tempera com frustração Mistura tudo isso com um pouco de violência E acrescenta uma pitada de ódio no coração Oportunidade, tu bota quase nada Mas é quase nada mesmo, tu não pode errar na mão Oportunidade faz crescer igual fermento Essa receita só funciona na panela de pressão Se for carne de X9, tu leva pro micro-ondas Senão só os urubus vão fazer essa refeição Não esquece que vingança é um prato que se come frio Não vai se queimar na boca por causa de afobação É o cardápio mais servido pelas ruas brasileiras Os políticos já tão de garfo e faca na mão Alimentando a fome pra poder te devorar Com regras de etiqueta, mas sem ter educação Não importa se assalta ou vende bala no sinal Não importa se ele tem antecedente criminal Não importa se é decente ou delinquente, é diferente Pra essa gente, nossa gente nem é gente, é marginal Certo e errado não existe, é tudo um ponto de visão Se for preto é tráfico, se for branco, é contravenção Se é pobre é estelionato, se é rico, é corrupção Jogo do bicho é lavagem, Tigrinho é aplicação Pra vagabundo é latrocínio, pra fardado é propina Na quebrada é homicídio, polícia é bala perdida Pro pobre foi ditadura, pro rico foi só regime Aqui isso é crime se ao invés de farda, for peita de time Soma fome, violência e zero incentivo no estudo Resultado é: ‘Cala a boca, olha pra baixo e passa tudo’ Se perguntarem, finge que tu é cego e fica mudo O crime organizado e o estado se parecem muito Você tira nossa terra e depois cobra aluguel Reclama do tiro da arma que tu me vendeu Cês deram as opções, a gente só escolheu É fácil criar um monstro, difícil assumir que é teu Nenhum vilão tem o sangue da vilania A história triste não acontece da noite pro dia A violência é sintoma da tirania O sistema mata o monstro que o próprio sistema cria Nenhum vilão tem o sangue da vilania A história triste não acontece da noite pro dia A violência é sintoma da tirania O sistema mata o monstro que o próprio sistema cria Certo, então explica de onde veio essa ordem Como é o procedimento caso as crianças acordem Quem vai orientar os meninos a serem homens? E essas meninas que tem mais deveres do que podem Cápsulas no chão a caminho da escola e hoje não tem aula A lição é de qual calibre ou de qual carga Vira passatempo, passa sonho, passa alma Até virar um passaporte pra mente passar a raiva E a engrenagem gira a máquina mortífera Se um prego se destaca, vem o martelo da injustiça Pra nenhuma perspectiva aqui se proliferar Corre, mas não alcança, é tipo areia movediça Graças a Deus, nós vemos além da loucura Mais do que a fome, o que nos move é a procura Se a luz no fim do túnel parece magia Fazer acontecer, só mesmo com a moral dos cria Nenhum vilão tem o sangue da vilania A história triste não acontece da noite pro dia A violência é sintoma da tirania O sistema mata o monstro que o próprio sistema cria Nenhum vilão tem o sangue da vilania A história triste não acontece da noite pro dia A violência é sintoma da tirania O sistema mata o monstro que o próprio sistema cria