Doença rara esta, de que padeço por prazer Levas-me às nuvens, as mesmas que deixas comigo cinzentas ao partir E se o tempo não muda, pra quê ficar à chuva? Trazes contigo o sol só na música doce de ouvir-te dizer Voltar, voltar... E é sempre tão longa a espera, é palco de uma guerra Entre o coração e a lúcida razão E enquanto a ferida sara, tocas-lhe com malícia Ganhas-me sempre fácil nesse hábil feitiço de prometeres Voltar, voltar, voltar, voltar Se Deus nos quer tão bem, se é tudo tão puro, nas coisas que faço Porque é que o nosso futuro há-de ser um fracasso? Voltar, voltar, voltar, voltar Se Deus nos quer tão bem, se por ti eu juro não ser erro crasso Porque é que o nosso futuro há-de ser um fracasso? Veio o tempo que tudo cura, ou pelo menos tenta... Veio atenuar a tortura, já não me atormenta Meu desejo outrora era loucura, vulga morte lenta Meu suicídio foi deixar-te voltar