Bleemm, bleemm, bleemm Na porta da igreja Lotada de cidadãos de bem Bentinho pedia esmolas Mas ninguém via Bentinho Ele não era ninguém Bleemm, bleemm, bleemm Depois de uma vida a trabalhar Bentinho pedia esmola Mas o cidadão de bem Não queria enxergar Bentinho era pobre E pobre não era ninguém Bleemm, bleemm, bleemm Nossa Senhora da Grotas Mãe do menino de Belém Colocai amor nos cidadãos de bem Que privatizaram o nome de Deus E tratam o pobre com desdém Meu querido Dom José Nos próximos anos E nós para onde vamos? Bleemm, bleemm, bleemm Os sinos dobram Pelo rio São Francisco Pelos pobres E também pelos cidadãos de bem Que nunca ouvem a ninguém Pra eles todos os pobres Eram Bentinhos E Bentinho não era ninguém Bleemm, bleemm, bleemm Nossa elite rastaquera Era piedosa De piedosos cidadãos de bem Cuja piedade Para ser exercida Precisa do sofrimento de alguém Eu não queria aquela piedade E também não queria sofrer dizendo amém A gente era excluído Todo pobre era Bentinho E Bentinho não era ninguém Tocava o sino bleemm, bleemm, blem, blem