Caneta azul cuspindo balas Letras sangram no papel Transcrevo vidas sobre linhas Amargando o doce fel Personifico a poesia Tão linda quanto cruel Ouço vozes no escuro Me convidando a ser réu Daqui faço o paraíso E sei que não mereço o céu Fui amante da balística Em projéteis de imbel Noites frias na fumaça Iludido com o doce mel Entre dálilas me rendi Em quartos sujos de motel Te falei sobre pecado E o amargo gosto do ser Depressão de domingo frusta E me traz letras pra escrever Daqui vejo o purgatório Que alguns querem me prender E como Dante eu vi o inferno Depois conto pra você É uma bala, uma caneta Outra linha pra escrever Uma vida, uma chance E dois caminhos pra escolher Eu sei que larga é a porta Eu sou a famosa linha torta Ou se pá aquele homem torto Que dá o papo reto agora Entendeu? Sinal da cruz na encruzilhada Blinda meu corpo na estrada Deixa imune ao inimigo E a barca toda apagada Quem vem? Lá se pá me fala Me deixa a par das jogada Porque é triste vim pro mundo E ter que ir sem levar nada Eita vida complicada Altas escolhas uma estrada Até pensei em dar um fim Só que coragem ainda me falta Mas deixa essa ideia baixa Mantenha o foco na taça Porque aprendi que o mundo gira E alguns dias são da caça Brinde aos Pitbull de raça Que marola faz fumaça Que aprendeu fazer chover Só pra deixar elas molhada Mas se ela for vir me fala Me deixa a par das trapaça Por que é triste vir pra rua E voltar sozinho pra casa Sexta-feira o pano rasga O cão atenta e o copo vira Eu quero tá vivo essa noite Então nem broto lá na quina Deus me livre da maldade E do enquadro dos policia Vim pro mundo inocente Mas adquiri malícia Sei que não mereço o céu O pai perdoe os pecados Nasci anjo e cresci réu Andei por caminho errado Sempre feri quem me amava O inconsequente vilão Hoje tô na contramão E essas linhas são pedidos de perdão Entendeu? Sinal da cruz na encruzilhada Blinda meu corpo na estrada Deixa imune ao inimigo E a barca toda apagada Quem vem? Lá se pá me fala Me deixa a par das jogada Porque é triste vim pro mundo E ter que ir sem levar nada