De dia canta o coleiro E o vento é de morno pra quente A morena sobe o outeiro Leva o cântaro à nascente Pensa no moço bonito Que dela já foi se embora Seu coração fica aflito E dentro d'água ela chora De tarde canta a cigarra E o vento fica mais frio A morena leva a jarra Pra buscar água no rio Pensa no moço que ama Chora de dor, e de mágoa E o sal do pranto derrama Travando o doce da água De noite o canto que existe É da água do ribeiro A morena deita triste Abraçada ao travesseiro Pensa no moço moreno Quando ao luar ele vinha Do seu olho sai sereno E ela vai dormir sozinha