Quando er’adolescente o zé morria de medo, morria de medo, de medo do inferno E o inferno para ele era um tipo negativo, um tipo repetitivo de queixa Mas quando engravidou, por incrível que pareça, a esposa do zé apresentou nenhuma queixa O tempo foi passando, o tempo foi rolando e a preocupação do zé cada vez foi aumentando; quando era adolescente, o zé morria de medo Quando completou todos os nove meses o zé já tava quase para endoidar E a esposa do zé muito, muito tranquila; nem parecia que iria passar A esposa do zé ia passar pelo parto e aquilo tirava o sono do zè Quando er’adolescente o zé morria de medo Quando começou a primeira contração o zé tava junto, o zé caiu no chão O zé teve um desmaio mais logo acordou; correu pro hospital; socorro doutor Quando er’adolescente o zé morria de medo Da o nome, da os dados, da nervoso na fila porque a enfermeira brava não queria Não queria deixar o zé olhar o parto; o zé quase cai no segundo desmaio O zé já tava com a mente a milhão; pulou a grade, pulou o portão Ouviu os gritos, descobriu o quarto, e lá estava o zé chorando no parto Quando er’dolescente o zé morria de medo O zé não sabe a hora, o zé não sabe o dia, o zé coçou a barba, o zè, quem diria Depois de muita treta, de muita correria passou a gostar mais da mulher e da vida Quando er’adolescente o zé morria de medo