Marcha, marcha, bamo tropa! sou biriva e vou pra feira! Na batida da viola canto a minha sina estradeira! Rasgando a geografia na trilha do peabiru, Trouxe muladas do sul a são paulo e minas gerais, Sesteando nos campos gerais, da lapa até ponta grossa, A distância não faz mossa no bailado dos trigais. Nos cargueiros levo charque, feijão preto e rapadura, E pra quando a coisa apura furo um mel no capão, Uma quarta de pinhão, amora, uvaia e goiaba, No rumo de sorocaba, "tenteando com as precisão". Bota na estrada a mulada antes que o rio fique cheio De mansinho a chuva veio, assim pra enganar a gente Mas pode virar enchente, engolindo ribanceiras Me diz a sina estradeira, xucro instinto do vivente Tangendo a mulada xucra "bamo" domando na estrada Cantando nas madrugadas, bailando nalguma vila Pois a gente se perfila depois que vende na feira Com um retrato na algibeira e na guaiaca uns pilas Os tempos foram passando e mermaram as tropeadas, Perderam-se as manadas, apagaram-se os carreiros, Mas o meu peito tropeiro guarda um grito e ainda diz, Parece que este país desgarrou sem madrinheiro. Uma tropa sem madrinheiro, é bruaca sem serigola, É um laço sem argola, é viver só de ilusão, Por isso meu coração se descompassa também, Se ouve ao longe o "delem" de um cincerro no rincão.