Chegou a febre do soja Na região da fronteira Tem gente vendendo gado Deixando aberta a porteira Mudando o perfil rural E a paisagem campeira Gente judiando da terra Que me legaram antigos Com veneno dessecante Sem ter noção do perigo Roubando a vida silvestre Matando o campo nativo (Minha alma de gaúcho Estampada na poesia Com medo dessa mudança De uma invernada vazia De não ver na primavera Uma vaca lambendo a cria) Meus olhos temem o deserto No que era campo em flor De não ver nas manhãs de maio Uma tropa em fiador E o grito de chega paisano Na boca de um domador Talvez por achar que o tempo Não perdoa, não dá trégua E a mão de quem semeia Só tem um rumo que cega Pois o campo embora forte Sua vida um dia se entrega (Minha alma de gaúcho Estampada na poesia Com medo dessa mudança De uma invernada vazia De não ver na primavera Uma vaca lambendo a cria)