Sozinho, comigo mesmo Porta-retratos, remetem ao começo A poeira e o anseio Jornal picado, no sofá estou preso Preso no mar, quase afoguei Vivendo sempre à deriva Ondas não vão me levar Vida é mar aberto Duelem os egos que ousam nadar Mas, dizem que vão naufragar, que sonhos não vão realizar Um alô pra família que só põe pra baixo aqueles que querem tentar Que prendem tipo gaiola, não sabem te ver brilhar Me encontrei na solidão Fiz canção com o coração Mesmo alvo em tempestade Escrevo verso e emoção O meu dom não cabe em história Esse sonho é pra você Demorei, mas entendi que você Sempre quis ser eu Armário vazio, de comida e de mim Minha vó todo o dia dizendo é o fim Visão de igreja semeia o ruim Discurso que mata e que faz destruir Pisando em espinhos, chorando A culpa me ofuscando Segundos me sufocando Paredes riscadas, buracos e vidros quebrados Vejo quem tá do meu lado Inveja que cria palco Não faz show, eu é quem faço Som que já foi desabafo Agora é, legado, minha percepção, é libertação Remando com a mão, tô contra a pressão, nessa correnteza Estou preso Preso no mar, quase afoguei Vivendo sempre à deriva Ondas não vão me levar Entre as sacolas, tecidos tão coloridos Esperança em preto e branco Um trabalho tão sofrido Vó, me escuta! Te vejo afundar Seguro a tua mão O vento não vai parar Me diz, quanto tempo terei que ficar? Eu sei que não posso, não vou te salvar Perdendo a perspectiva Luto com nuvens cinzentas Te escutam, mas não querem te entender Esse é o problema Setembro amarelo é evento O resto do ano brota indiferença A dor que tem peso, transformando em amor Saio ileso (não estou preso) Verso humilde que traz direção Horizonte pintado com a mão Bússola da alma me faz velejar E a terra chegar, pois eu não vou parar À deriva não vou mais ficar À deriva não vou mais ficar À deriva não vou mais ficar (À deriva, à deriva, à deriva, ah) Sozinho, comigo mesmo