Numa tarde de agosto de fumaça e céu nublado Foi na soleira do rancho que me vi ali sentado Fumando o meu cigarro assim tão despreocupado Senti a brisa carinhosa no rosto fazendo agrado Vi distante a minha infância conversei com meu passado Meu velho ipê florido com as flores perfumadas E as palmeiras imponentes que por mim foram plantadas É o adorno que enfeitava a curva daquela estrada Suas folhas balançando como bandeira asteada Belo marco e batente da minha velha morada Meu velho carro de boi com seus cocões que rangia E os gritos do velho pai ec no grotão fazia Quando o carro carregado aquela serra descia Era o transporte da época por aquela cercania E o carreiro não cansava da luta do dia a dia Papai hoje está velhinho não tem mais agilidade Com as pernas enfraquecidas distante da mocidade O sol da sua existência tá se perdendo na tarde Igual ele estou sentindo o grande peso da idade Somos dois carros encalhados no areião da saudade