Yeah Cês acham que acabou? Isso aqui é memória viva, sangue quente Escuta o som dos ancestrais Apagaram as linhas da nossa história Queimaram os livros, rasgaram a glória Mas cê não apaga o grito da memória O navio negreiro ainda ecoa na vitória Vieram acorrentados, mas nunca calados Na senzala, o olhar já falava alto O tambor pulsava como resistência Na dança, na fé, na sobrevivência Trabalharam o chão, colheram o açoite Foram aço, coragem, pra enfrentar a noite E mesmo hoje, o sistema repete Disfarça a corrente, mas ela aperta a mente Favela resiste, periferia persiste Mas a elite assiste e finge que é triste Do chicote ao salário mínimo, é tudo racismo Pobreza tem cor, cês negam o abismo! É luta! É grito! É chama no peito! Somos o povo que não se cala no leito É sangue, é suor, é raça, é fé Se o passado foi dor, o presente é de pé! Quantos morreram no chão do engenho Quantos sonharam com um novo desenho Quantos fugiram, quantos tombaram Quantos Palmares ergueram, lutaram? Zumbi na frente com espada no punho A coroa treme quando a favela se une! Não foi favor, foi guerra vencida Cada direito tem sangue na trilha! E hoje o povo corre atrás do pão Mas ainda sente o peso da opressão Preto na mira, pobre na esquina A lei é dura quando é pra periferia Educação negada, saúde escassa Mas tamo vencendo com força e raça! Levanta a cabeça, irmão, se olha no espelho Cê carrega a força de um povo inteiro! É luta! É grito! É chama no peito! Somos o povo que não se cala no leito É sangue, é suor, é raça, é fé Se o passado foi dor, o presente é de pé! Salve os guerreiros que abriram caminho Heróis do gueto, nunca tão sozinhos Zumbi dos Palmares, Dandara rainha Luísa Mahin com a chama que inflama André Rebouças, o engenheiro sonhador Clóvis Moura com sua escrita de dor Carolina Maria de Jesus na favela Fez poesia da fome e da panela Malcolm X com punho erguido Mandela livre, sem jamais ter fugido Martin Luther King, sonho na mente E Mano Brown, o poeta consciente Não esqueceremos, não recuaremos Se for preciso, de novo lutaremos Porque a história não é só de opressão É de coragem, orgulho e superação