Agora o pó A poeira por cima das coisas que usei Agora o nó Na garganta crescendo Matando outra vez A vida perdida Na tarde comprida O som dos seus passos Seu cheiro, seu rastro Na sala de estar Tudo dentro de mim Agora o som Da vitrola sozinha na sala de estar E vem você Sufocar minha boca com gosto de mar A vida termina A tarde se inclina Criando o espaço No som dos seus passos A noite, você Tudo dentro de mim Mesmo lá fora A tarde se enrola Num negro cabelo cetim Parece ser Uma noite estranha Comprida, sem fim Que até uma estrela Que pende das pontas Caindo de um olho marfim Faz revolver Tudo dentro de mim Sinto meu corpo Tateio o passado Nas coisas cobertas de pó Um violão Toca um samba canção Que um dia escrevi E até a vitrola Parece que chora Das coisas marcadas no fim Parece ver Tudo dentro de mim