Vim trazer meu reizado Um coco bem batucado Um louro trocadilhado E as seis horas de cancão Trago um padeiro na mão Na viola um dedilhado No canto um verso inspirado E no compasso outro baião Trago o xudu que bebeu das águas do improviso Que com dois metros de chita abriu de nita o sorriso Trago loucura ao juízo Fazendo verso voar Como o certo e o indeciso São fáceis de caminhar Relembro quando criança Boneca eu não possuía Eu pegava era um sabugo Num mulambo eu envolvia Numa casinha do mato Passava o resto do dia" Num domingo de verão Depois que almocei coalhada Fui pra rua e a meninada tava jogando pião Eu gostei da diversão, na terça mãe foi pra feira Trouxe pra mim pra mim uma ponteira E eu inventei pro meu uso, um bico de parafuso no pião de goiabeira No batente da casa da fazenda Tropecei quando ainda era bem moço Esperei mãe trazer meu almoço Vi maria sentada fazer renda Muita gente deixava uma encomenda Um menino batia seu pião Pra ficar mais macio em sua mão Dava cortes profundos na madeira Tem até um buraco de pingueira No batente de pau do casarão Chegava em casa enfadado Me deitava numa rede Quando me achava com sede Chegava mãe do meu lado Trazia um copo bordado com água pra eu beber Depois vinha me dizer: levanta, vem almoçar Foi assim que eu vi passar meu tempo bom sem saber Não me esqueço da roça do vizinho Onde a tarde cantava a seriema Um defeito num galho de jurema que um casal de rolinha fez seu ninho Por ser muito na beira do caminho O filhote assustou-se e foi ao chão Quado eu fui colocá-lo na prisão Pai mandou devolvê-lo à liberdade Quando a gente magoa uma saudade Incomoda de mais o coração Brincadeiras de menino nunca tirei da lembrança Hoje revi o terreiro que brinquei quando criança E o balanço ali parado Mas aquele balançado Ainda hoje me balança Corre moleque, desce dessa goiabeira Que o dono vem na carreira, querendo te derrubar Some no mato, pula cerca feito um gato Sem sentir que é insensato roubar fruta do pomar Pulou pro açude, que eu sei que ele tá sangrando Pra atravessá-lo nadando, sei medo de se afogar Pescar piaba, onde o barreiro deságua Brincar de galinha-d'água,do pega e de mergulhar Depois jogar-se na enchente do desafio E descer no doço do rio e fim da ponte pular Volta pra rua Que a vida é só brincadeira É toca, barra-bandeira Peteca e rende-se-lá É carrapata, burrinha jogo de bola Fica pião, meia sola, sinuca, bila bilhar Terras alheias, roda, notas de cigarro, garrafão, bolinho de barro Caverna, anel, guerrear Quebra panela, pula corda, academia Pau de sebo, caçar gia, correr na chuva, gritar Junta castanha de caju, joga pitelo Na areia faz teu castelo, não deixa desmoronar Constrói, menino Teu carro de rolamento Faz tua pipa que o vento Te chama pra empinar Só não me venhas Brincando de esconde-esconde Pois temo que fiques onde Eu não possa mais te encontrar Admiro o pica-pau na madeiro do angico Que passou a tarde inteira Teco teco, tico tico Nem sente dor de cabeça Nem quebra a ponta do bico Corre moleque, desce dessa goiabeira Que o dono vem na carreira, querendo te derrubar Some no mato, pula cerca feito um gato Sem sentir que é insensato roubar fruta do pomar Pulou pro açude, que eu sei que ele tá sangrando Pra atravessá-lo nadando, sei medo de se afogar Pescar piaba, onde o barreiro deságua Brincar de galinha-d'água,do pega e de mergulhar Depois jogar-se na enchente do desafio E descer no doço do rio e fim da ponte pular Volta pra rua Que a vida é só brincadeira É toca, barra-bandeira Peteca e rende-se-lá É carrapata, burrinha jogo de bola Fica pião, meia sola, sinuca, bila bilhar Terras alheias, roda, notas de cigarro, garrafão, bolinho de barro Caverna, anel, guerrear Quebra panela, pula corda, academia Pau de sebo, caçar gia, correr na chuva, gritar Junta castanha de caju, joga pitelo Na areia faz teu castelo, não deixa desmoronar Constrói, menino Teu carro de rolamento Faz tua pipa que o vento Te chama pra empinar Só não me venhas Brincando de esconde-esconde Pois temo que fiques onde Eu não possa mais te encontrar