Hoje é domingo e amanheceu garoando Fazem três dias que a invernia se acampou É mês de julho já pendendo pra o agosto E a aparição na estância se atrasou O campo é longe, o abrigo é muito pouco Nas casuarinas só o miumiu nas coxilhas Não fosse a geada que chega arrasando tudo Nem o carancho pra reforçar a vigília Saio da estância emponchado e boa bota Agasalhado pra enfrentar o frio da fronteira Recorrer campo não é poesia em roda do fogo Nem tomar mate pensando na cozinheira No parador já duas borrega trancada Boleei a perna fui forcejando no mais Limpar o teto, bichinho tomar um calor Pra se aquecer e deixar o frio pra trás Uma borrega levantou e disparou Lacei no pulo, fiz voltar pro cordeirinho Maneei cruzado com tento meio comprido Pra não deixar o filhote morrer sozinho Saio da estância emponchado e boa bota Agasalhado pra enfrentar o frio da fronteira Recorrer campo não é poesia em roda do fogo Nem tomar mate pensando na cozinheira E no cavalo os arrelho tudo molhado Poncho encharcado, as bota era um pirão Aqui na estância camperiar não é rodeio Se parte os campo no meio, os olho que é um patacão Cordeiro morto tem que trazer pra estância Tirar a pelzinha abrigado das taquareira Não junta sorro, no campo não tem carniça Esta é a lida dos gaúcho na fronteira Saio da estância emponchado e boa bota Agasalhado pra enfrentar o frio da fronteira Recorrer campo não é poesia em roda do fogo Nem tomar mate pensando na cozinheira