Um vitupério sobre lealdade Só para reafirmar essa disparidade Entre mim e você Um aspecto de maldade Imbui a sonoridade Do quão amargo é afirmar isso Fomos tão próximos sim Unha e carne Fomos mais que amigos sim Pele na pele À cerne do certame final Da volúpia de entrega e corresponder O desejo e o ensejo Agora um ciclo termina Para outro começar E a nós mesmos altercar A pura responsabilidade De ter de discernir Nossa pura lealdade O que é que temos agora? Reles animosidade Nunca mais será Aquilo que já foi Nunca mais será Aquilo que compôs Fomos aviltados Parte a parte, mutilados E o sangue dessa derrama Apagou a chama Nunca mais será! Entrementes o desejo presente De redarguir o tempo gasto Desse fúnebre esculápio Que nos veste em rutilante luto Brilhoso como as estrelas As estrelas que já morreram E só presenciamos O reflexo de suas mortes Sequer posso chamar de abismo A distância que nos separa Esse mal que nos acomoda Um miasma mortificante Sinto-me tão errante Aqui sem poder te alcançar Queria apenas te tocar Mas me dói tanto sequer olhar E pensar no que éramos antes Confidentes e próximos amantes Isso tempo algum irá reparar Como uma orquídea parasitando meu peito Essa flor floresce À minha carne estremece Me titubeia e entristece Nunca mais nos veremos