Sejam bem vindos a eterna madrugada da alma Onde toda desesperança se ressalva Onde cada motivo se torna torpe e mata As vontades dispendiosas de questionar o viver Viver pra quê? Eu não escolhi ter de discernir Nunca quis ter de descobrir As diversas razões de se vivificar o óbvio Viver de ter que se arrastar em ócio Por muito se atribuir ossos de ofício Eu vivo de estar desinibido É como ter que viver após o solstício Após o fim derradeiro do precipício Na pior das desesperanças eu retifico Quando os dias são escuros Poucos são os amigos E por isso me mortifico Sigo eternamente insone e incansável a titubear Sinto tremer minhas carnes, um pleno mal estar De uma sobriedade prolongada que é um auspício De tanto olhar e mitigar o precipício O abismo agora é comigo Carrego ele em meu olhar