Botando corda, recorrendo as invernadas, Vida de estância, pelo sul deste pais, Eu ganho a vida sobre o lombo do cavalo E vejo o mundo com meus olhos de aprendiz. É seca braba, é chuva forte, é geada fria, Sem desespero, salto cedo e não me entrego, Aprendi moço que o serviço é garantia E não tem nada, meto a cara e bamo a ferro. Truco de mano, uma de canha, um pito aceso, Uma cordeona retossando uma vaneira. Um mate novo numa roda com a peonada E a patacoada numa cancha de carreira. "vida campeira, que lida buena, Um cerne forte no rio grande é tradição Eu me defendo atracando de mansinho Eu me destaco neste oficio de peão!" E vez em quando uma saudade pede vaza Cutuca a mágoa e a tristeza me atropela, Mas não me assusta a solidão rondando o rancho Pois no domingo sei que vou matear com ela! Um laço forte, arreio bueno e o meu tostado, Emparcerado nesse sonho que me guia. Sofreno as ânsias, esporeio as incertezas, Alma e querência sempre estão em sintonia. Velha fronteira, devoção da minha gente, Salto na frente e não refugo cara feia... Patria gaúcha, sentimento que me guarda, Quem se garante nunca foge da peleia!