Ai, ladrãozinho Desses teus lábios de coral! (Tem dó) Dá-me um beijinho Não te pode fazer mal! (Um só) Tu és jeitosa Cheiras como a rosa És melindrosa Com aura ao alazão Não me aborreças, ai de mim Aí de mim! Eu canto em minha viola Ternuras de amor Mas, de muito amar! O pranto as mágoas consola! Teu fero rigor Quer minha vida acabar! Teu riso cheira Como um galho de alecrim Tu és faceira! Queres dar cabo de mim! Tu és tirana Eu bem sei! Minha flor Meu coração, oh serrana Eu te dei Valha-me Deus! É penoso viver, ai a gemer! Eu sou jaçanã ferida Gemendo de dor, lá na solidão! Minh 'alma, também sentida Soluça plangente Nesta canção És flor de neve Dos sertões do meu Brasil! És a irerê Da lagoa cor de anil! Ouve o suspiro de amor, estes ais Que da alma tiro de dor! (Ora ladrão!) Não me atormentes assim Ai de mim! Ai, ai de mim! Eu canto a dor na viola E a dor me consola Tu podes crer! Morrendo, por ti sofrendo Vou morto, vivendo Vivendo a morrer, a morrer Na minha choça Teu escravo sou até! Tenho uma roça E esta casa de sapé Foi para dar-te que a fiz Aqui vivo, por amar-te Feliz, ai meu Deus Nela contigo eu serei Mais que um rei Ai, mais que um rei! Eu canto a dor no meu pinho Com tanto carinho Tu podes crer Que eu vou para A morte cantando Que a vida, penando Por ti dá prazer! Eu sinto o cheiro O cheirosíssimo odor! De um cajueiro Carregadinho de flor! Quando tu passas assim, de manhã Por estes matos sem fim, sem olhar Uma só vez para mim! Ai de mim! Ai, ai de mim! Se vais ao monte roçar ou se vais Água na fonte buscar valha-me Deus Segue-te o meu coração Rente ao chão! Ai, rente ao chão! Como eu sou rico Se me cresce o milharal! (sou rei) Ai! Como eu fico Se floresce o cafezal! (nem sei) Mas fico mudo sem ti! Chora tudo, tudo Tudo da aqui, ai minha flor! Não me apoquentes assim Ai de mim! Ai, ai de mim!