Afastado do meu pago No exílio da cidade Como um rio que virou lago Perdi minha liberdade Preso nesse apartamento Nesse brete de concreto Sou um velho rabujento Implicando com meus netos / No País da solidão Num porvir sem esperança Minha vida pede asilo Na Embaixada da lembrança / Paredões de edifícios Formam quênions de cimento Onde um rio de automóveis Vai correndo barulhento As sirenes e alarmes Não dormem a noite inteira Se revezam a gritar-me Vá de volta pra fronteira Refrão Chimarreio na sacada Com o olhar no infinito E liberto a manada Do meu peito tão aflito São rebanhos de tristeza Ruminando as distâncias Desgarrados da beleza E da vida lá na estância -"Êra boi, êra, boiada" Um grito febril e rouco Meus netos se entreolham -"Olha lá, o vovô tá louco" Eu tô louco de saudade Essa vida não é minha Por isso quero de volta Aquela vida que eu tinha Refrão